O
Poder do coração - Thais Accioly
(mailto:thaisqaccioly@hotmail.com)
Aquele que se dedica a desenvolver as forças da expressão
amorosa de seu coração encontra caminhos para promover em si um forte sentido
de vida e de direção, frequentemente, atuando na sociedade de forma a abrir
caminhos para muitos, beneficiando a vida ao seu redor, com sua vivência, e
atingindo, beneficamente, pessoas que não fazem parte inclusive de seu grupo
pessoal. A inteligência afetiva é o uso consciente das múltiplas inteligências
a serviço da afetividade. A afetividade é aqui vista como a expressão das
forças do coração, especialmente: do amor, da gratidão, da compaixão, da
ternura, da bondade, da generosidade e do altruísmo. Ao estabelecer que o
comando central de seu Eu é gerado pelas forças ou energias do coração, que
melhor gerenciarão as demais inteligências a serviço do bem, do belo e do bom,
passasse a usar a inteligência afetiva, em busca de uma maior lucidez, de maior
maturidade no viver, em busca da humanização das relações. Já as múltiplas
inteligências podem ser vistas aqui como capacidades da mente e da emoção, de
adaptação, de aprendizagem, de compreensão, de raciocínio e de interação
consigo e com a vida, reagindo e agindo no sentido de promover a sobrevivência
da pessoa e de seu grupo pessoal. Isoladamente, vemos que a promoção da
inteligência mental, em seus inúmeros aspectos, sem o uso dos recursos das
demais inteligências como a social e a emocional, bloqueiam o desenvolvimento
da estrutura da personalidade de forma que ela não pode se ampliar
satisfatoriamente. Assim como uma pessoa que tenha desenvolvido bem a
inteligência mental, se não desenvolveu concomitantemente seus aspectos
afetivos, mostrará dificuldades em apresentar-se amadurecida em seu
relacionamento com a vida, especialmente, com a vida social, agindo muitas
vezes de forma não ética, infantil ou egotica. E, se ainda assim, houver a
expansão do arcabouço das demais inteligências num descompasso com a
afetividade, a capacidade de gerar bem-estar para si e para a sociedade ficará
truncada ou impossibilitada. Exemplos disso não nos faltam ao observarmos na
sociedade: políticos corruptos ou empresários que enriquecem gerando miséria ao
seu redor, ou ainda, cientistas que criam tecnologia de extermínio em massa,
entre tantos outros, todos usando sua inteligência para proveito pessoal ou de
um grupo específico em detrimento dos outros. Mas também podemos observar, na
intimidade pessoal, os dramas que se desenrolam e que levam a vivências de
estresse crônico, de ansiedade e de depressão, gestando sofrimento imenso. E
para usar a inteligência afetiva é preciso conhecer, acessar, mobilizar e
desenvolver as forças do coração, resgatando o Poder do Coração. Esse não é um
trabalho para a mente racional, pois, a linguagem do coração não é a dialética,
é a poesia, a beleza, a arte de forma geral, é o silêncio e a contemplação, mas
também a gentileza e a compaixão; o acolhimento e o perdão. As forças do
coração podem ser melhor desenvolvidas em contato com a natureza, e nas
relações de uma forma geral. Para tanto é preciso que os relacionamentos
aconteçam a partir do afeto verdadeiro e não dos rótulos, dos julgamentos da
mente, da competição e das disputas de poder. Quando as forças do coração estão
fortalecidas, e as múltiplas inteligências estão a serviço da afetividade, os
muros da exclusão são desfeitos. A Inteligência Afetiva requer uma nova
pedagogia para seu aprendizado, uma pedagogia não materialista, que promova
humanização e esperança. Uma questão inicial para aquele que quer desenvolver
as forças do coração é: O que é o amor? O amor é uma força imanente e
transcendente à vida. Seu poder é curador e regenerador. Muito confundindo com
as emoções mais instintivas do ser humano, acaba sendo, muitas vezes, descrito
como o ardor de uma paixão, reduzido a expressões do apego, das dores da perda,
do ciúmes, da posse, do egoísmo, das fraquezas de caráter, do orgulho, do
desassossego. As forças do coração, aqui citadas, não são as forças instintivas
do Ego e da vida, quais sejam: os desejos, a raiva, a tristeza, a alegria, o
medo, o egoísmo, a surpresa e a libido, que servem para perpetuar a espécie e
dar as condições de adaptação e sobrevivência. Estas emoções e a libido se bem
ou mal geridas, na reação às situações da vida, desencadeiam sensações de
prazer ou desprazer, de tensões e estresse, de ansiedade e depressão, comuns
aos humanos e aos animais de forma geral e que estão mais associadas ao
instinto de sobrevivência. E na vivência destas fortes emoções é comum que a
mente racional fique em desordem, criando uma inibição aguda da inteligência
mental. As forças do coração estão menos alinhadas às forças instintivas de
pulsão da vida, e ao instinto de sobrevivência, e mais alinhadas à maturidade
pessoal, à lucidez espiritual, e à capacidade de humanização da vida. Todavia
quando fortalecidas aumentam o entusiasmo, o propósito de vida e a vontade de
viver. Quando usamos as forças do coração estamos mais alinhados com as forças
do Self como gestor da personalidade o que vitaliza também a inteligência
mental. O amor é uma força de vida, porque renova as energias vitais de todos
os setores de expressão humano, do corpo ao psiquismo, do relacional ao
espiritual, do racional à criatividade. O amor é um querer bem, gerador de
felicidade, aquece o peito de quem o sente, acalma, serena e refrigera a mente,
alegrando a vida. O amor gera imenso bem estar, e tem seus sintomas: além do
peito aquecido, sensação de confiança e plenitude, bem estar, serenidade,
contentamento, e gratidão. Como é um querer bem a quem ou ao que se ama, ocupar-se
de criar espaço para a felicidade alheia ampliando a possibilidade do
altruísmo, da generosidade, da afabilidade, da paciência, da mansidão, do
perdão e da tolerância. Amar é verbo transitivo direto e requer ação primorosa
a serviço da vida. O amor é o antídoto para o medo, gerador de imensa coragem e
pré requisito das verdadeiras ações éticas. O uso da inteligência afetiva é
gerador de esperança pessoal e social. E para desenvolve-lo- há que se tornar
primeiro sensível à vida, não apenas à sua própria vida, mas a vida de forma
geral, podendo ser tocado por sua beleza, para que possa gerar simpatia, empatia
e por fim compaixão e a verdadeira conexão, preenchendo a vida de significado e
de mais saúde. Voltarei ao tema ampliando e trazendo aplicações práticas para
o bem viver.